Visão e esportes: como os atletas precisam enxergar?

Redação

 A Importância da Visão no Esporte

 

Visão e esportes: como os atletas precisam enxergar? Você diria que e chover no molhado falar sobre a importância da visão para a prática esportiva.  Em qualquer competição você tem o desafio de se deslocar rapidamente em um espaço delimitado, competindo em velocidade, resistência ou na execução de tarefas, que combinam  deslocamento com o desafio de colocar um objeto, normalmente uma bola, em um local específico. Por exemplo: o gol no futebol, a cesta no basquete, o buraco no golfe ou passar a bola sobre a rede e fazê-la cair no campo adversário como no vôlei e no tênis.

“Todas as tarefas executadas nos esportes são extremamente dependentes da visão e os profissionais da área de saúde no esporte têm como objetivo corrigir a visão do atleta, maximizando os recursos ópticos, ou ainda treinar este atleta para que ele possa ganhar um diferencial por saber usar a visão de forma eficaz.” explica Dr. Ricardo Guimarães, oftalmologista do HOlhos e Neurocientista do LAPAN.

Você sabia que, assim como precisamos aprender um esporte, também é preciso aprender a ver?

Sim, a visão e aprendida na infância. Porém, fazemos isto de maneira instintiva e o modo de usá-la em um esporte como no golfe é diferente de como a usamos no futebol ou no vôlei. Afinal, as demandas visuais críticas para o sucesso nos esportes podem variar tremendamente e precisamos entender a necessidade visual crítica de cada esporte para diferenciar cada habilidade de visão que, potencialmente, pode melhorar o desempenho do atleta. Feito isso, vamos poder medir esta habilidade separadamente e evoluir na preparação do atleta para a alta performance

Por exemplo, as demandas visuais para a prática de esportes dinâmicos como o futebol e o vôlei são diferentes do que é necessário para o golfe ou o tiro ao alvo.  No golfe a situação é estática e a demanda é por um olho estável, quieto para que o atleta possa se concentrar, focar e imaginar a trajetória até o buraco. Já no futebol, no vôlei e no basquete você tem uma situação dinâmica, com os jogadores correndo e mudando de posição o tempo todo. Ou seja, o jogador tem que atualizar sua visão de campo continuamente.

Nos esportes dinâmicos como o futebol, o basquete e o vôlei o atleta precisa entender como a informação visual é processada para que ele não apenas execute bem a tarefa motora do momento, mas possa também planejar a tarefa seguinte, se antecipando sempre que possível a ação do adversário. alerta Dr. Ricardo Guimarães.

E como é feita a  medida da visão do atleta? Visão estática versos visão dinâmica.

O exame oftalmológico de rotina considera a medida da visão estática como indicador maior da capacidade visual. Sim,  esta medida é muito válida para o tiro ao alvo ou arco e flecha. Porém, para a maioria dos outros esportes precisamos ir além, incluindo outra medida: a da visão dinâmica.  Neste exame, é incluída a percepção do movimento, além da visão estática.

 

VISÃO DINÂMICA VS VISÃO ESTÁTICA. As demandas visuais para a prática de esportes dinâmicos como o futebol e o vôlei são diferentes do que é necessário para o golfe ou o tiro ao alvo.

Um bom exemplo é a comparação da fotografia com o vídeo.  Na fotografia temos uma situação estática, parada para ser registrada. E como na visão,  quando uma câmera está registrando uma situação em movimento, como no cinema, algumas variáveis devem ser incluídas como:  o tempo de resposta visual e motora ao estimulo visual; a memória e as discriminações visuais; a capacidade de mudança de foco, e a velocidade de processamento que faz com que seja possível fundir quadros, cenas sequenciais.

Indo muito além da medida da Acuidade Visual (apenas uma das mais de 60 funções visuais básicas reconhecidas) pelo Teste de Snellen, o teste de letrinhas maiores e menores que todos conhecemos, extremamente útil como exame refracional e no oftalmológico de rotina, mas fora do conceito de visão dinâmica

Mais uma vez, a comparação guarda grande correlação com nossos indicadores de qualidade e estilo de vida como dirigir, andar, correr, se movimentar. Por isso, o teste de visão dinâmica  é também indispensável para se estudar a Visão de Atletas.

Especialmente no futebol, um dos esportes mais populares no Brasil, entre todas as idades, e igualmente praticado por todos os países e culturas, a visão é o sistema sensorial dominante, onde diferentes posições demandam diferentes tipos de habilidades visuais.  Em todas as posições os jogadores são obrigados a usar diferentes tarefas técnicas e táticas, sendo a visão de conjunto e de detalhes, determinante no sucesso de cada jogada.

“Para conseguir o máximo de desempenho, os atletas precisam receber informações de todos os seus sistemas sensoriais. Seria intuitivo supor que as informações mais vitais para a maioria das tarefas relacionadas ao esporte, sejam coletadas pelo sistema visual, e que essa entrada visual tende a substituir as informações de outras fontes sensoriais.” reforça Dr. Ricardo Guimarães,  neurocientista do LAPAN – Laboratório de Neurociências Aplicadas à Visão.

Visão e Esportes: qual a diferença do preparo físico para a habilidade e capacidade visual?

O aprimoramento técnico tem transformado o futebol,  aumentando o ritmo, dando maior velocidade ao movimento da bola e troca de passes, mais obediência táctica, de conjunto e, consequentemente, visão do todo e do detalhe, respostas rápidas e precisas. Ou seja, a maioria dos jogadores se equipara tecnicamente, em preparo físico, habilidade de drible e qualidade de jogo.

 

A VISÃO NO FUTEBOL.   A visão é o sistema sensorial dominante, onde diferentes posições demandam diferentes tipos de habilidades visuais.

Considerando que a superioridade de cada atleta se define por detalhes cada vez mais sutis, o emprego de técnicas de aprimoramento da visão ganha grande importância. O trabalho de desenvolvimento das habilidades começa pela análise ampla do sistema visual, incluindo: acuidade visual estereotática, atenção visual e coordenação do olhar, mão e pé. Além disso, ainda temos que ter a habilidade visual para realizar a sequência de escaneamento em busca da visualização do conjunto de jogo que muda constantemente em função da posse da bola, da alteração de posições e de função de cada jogador em função de sua posição em quadra ou em campo.  E depois das análises e diagnóstico da capacidade visual de cada atleta, é avaliada a necessidade de treinamento destas habilidades visuais e técnica de acordo com a posição de jogo, diferentes no goleiro, nas posições de ataque e de defesa.

A possibilidade de investigarmos como cada atleta usa sua visão para extrair informação na pratica do esporte pode, por meios científicos, eliminar vícios e defeitos,  aumentar sua habilidade e prontidão, sua velocidade de resposta e até mesmo a postura do atleta em jogo, especialmente em atletas jovens, em fase de treinamento.

O centro de controle da visão, movimentação ocular, vergências, adaptação a luz, focalização e outros, se localiza no tronco cerebral, uma região subcortical, portanto não consciente. Aprendemos a fazer uso da visão a partir de nosso primeiro dia de vida para atender demandas que podem ser diferentes dependendo do ambiente a que estávamos expostos na infância.

“Ao longo da vida, usamos a visão de modo instintivo, sem pensar. Podemos também voluntariamente mudar a direção do olhar, mas este movimento é lento e nos ajuda apenas a mudar de direcionamento. Durante o jogo a movimentação é automática, é feito em conjugação com o movimento de cabeça, em apenas um segundo mudamos de posição, foco, ajuste de profundidade, de iluminação, de contrate, automaticamente.” explica Dr. Ricardo Guimarães.

Como otimizar o placar com a combinação de visão e esportes?

A necessidade visual do atleta é, para cada tipo de esporte, diferente e pode e deve ser otimizada. Bem treinado, com exercícios visuais específicos, podemos aprimorar a competência visual de cada desportista, aumentando, por exemplo, sua velocidade de direcionamento, a capacidade de fixação do olhar do objeto fixo ou em movimento, do julgamento da posição da bola em movimento e da antecipação do movimento dando ao atleta maior rapidez e precisão de movimentos de ação e reação. Como consequência positiva, teremos menos  erros em cada jogada, e um melhor desempenho e performance em cada partida.

O número de escolas de prática e ensino de futebol, criadas mais recentemente em todo o Brasil, continua crescendo. Para muitos jovens jogadores talentosos, estas escolas representam uma grande chance para o seu futuro profissional e até ascensão social. Porém, além do condicionamento físico e motor do atleta, o ideal seria que estas escolas incluíssem já estes conceitos no treinamento visual destes jovens atleta, potenciando assim as suas habilidades motoras e talentos físicos. Afinal, é natural imaginar que jogadores com melhor acuidade visual dinâmica, estéreo e sensibilidade ao contraste, entre outras habilidades, também podem se sair melhor na prática esportiva.

Como a maioria dos jogadores profissionais tem uma excelente visão estática, acreditamos que, se alguém puder melhorar suas habilidades visuais dinâmicas poderá também  melhorar o seu desempenho esportivo.

Continua a entender como aumentar o desempenho no esporte a partir da visão.