Vovó Chiquinha e a revolução na cirurgia de catarata

Redação

Você já ouviu falar na vovó Chiquinha? Então você vai saber como esta vovó foi capaz de promover a revolução na cirurgia de catarata no Brasil.

Tudo começou quando o seu neto Ricardo que, ao ver sua avó que praticamente não enxergava mais, pelo estágio avançado da catarata, ser operada e recuperar a visão.

Para fazer a sua cirurgia de catarata, Vovó Chiquinha ficou internada por três dias, em repouso. Depois da alta, ainda teve que aguardar uma semana para ter a receita dos novos óculos em mãos. Óculos que teriam cerca de 12 graus, bem grossos, chamados Katral. 

Na época, Ricardo era estudante de medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aluno do Professor Hilton Rocha.

O Professor Hilton Rocha, o mestre catedrático, médico ilustre, e referência em oftalmologia no Brasil, era, naturalmente, a pessoa mais indicada para realizar a cirurgia da vovó Chiquinha. E foi ele quem a operou. Depois de realizar os exames pré-operatórios, ela foi internada e, sob anestesia geral, a catarata foi removida.

“Naquela época, não havíamos desenvolvido a cirurgia moderna de catarata no Brasil. Também não eram usadas as lentes intraoculares para substituir os óculos. E qualquer pessoa era capaz de reconhecer de longe uma pessoa operada de catarata. Isto porque, após a cirurgia, a pessoa tinha que usar os óculos Katral, bem pesados e grossos.  E, em decorrência disso, se moviam com insegurança, tinham dificuldade para enxergar objetos ou o rosto de uma pessoa.”  lembra o neto da vovó Chiquinha. 

 

Dr. Ricardo Guimarães,  inspirado pela cirurgia de catarata da Vovó Chiquinha, deixou a opção de ser tornar um cirurgião do coração, fez oftalmologia, e partiu para o exterior em uma peregrinação pela França, Inglaterra e Estados Unidos com um objetivo fixo: aprender a fazer a melhor cirurgia de catarata.

Ricardo ficou encantado com a capacidade daquela cirurgia de “salvar” a visão de sua avó. Mas o estudante de medicina  ficou intrigado com uma coisa: vovó Chiquinha só realizou a cirurgia porque a sua visão estava tão debilitada que, por pior que fossem os resultados da operação, eles seriam melhores do que a visão dela com catarata. E, então, esse foi o momento em que a oftalmologia brilhou aos olhos do neto.  E foi aí que o neto da Chiquinha,  e aluno do Professor Hilton Rocha, decidiu iniciar a sua jornada para se tornar uma grande referência na cirurgia de catarata no Brasil e no mundo.

No álbum de família, Ricardo, o netinho sorridente e visionário da Vovó Chiquinha, resgata lembranças da sua vovó ao lado do seu padrinho Farneze, e dele, dentro de um abraço do seu querido Tio Joãozinho.

 

“É possível que essa experiência da cirurgia de minha avó tenha sido a espoleta do meu encantamento com a oftalmologia, apesar dos resultados serem limitados em comparação com os dias de hoje, como aliás muita coisa em medicina. Eu deixei a opção de me tornar um cirurgião do coração, fiz oftalmologia, conclui meu doutorado e parti para o exterior em uma peregrinação pela França, Inglaterra e Estados Unidos com um objetivo fixo: aprender a fazer a melhor cirurgia de catarata.”, declara Ricardo.

 

O propósito do jovem médico era oferecer a outras vovós e vovôs, quando retornasse ao país, a melhor cirurgia de catarata possível, com segurança, conforto e, claro, livre daqueles óculos grossos e incômodos.

Cinco anos se passaram e Ricardo  retornou ao Brasil . Porém, nada havia mudado na cirurgia de catarata em terras brasileiras.  Dessa forma, o seu desafio foi o de  apresentar aos pacientes e outros médicos oftalmologista como o novo método para a cirurgia de catarata, que ele trazia do exterior era seguro e com resultados muito mais eficazes. Principalmente pela substituição dos desconfortáveis óculos Katral, pela implante das lentes intraoculares.

Todavia, não tínhamos evidências científicas da segurança do novo método por se tratar de uma nova técnica com poucos resultados publicados. “Nós médicos somos muito conservadores, buscamos sempre a segurança em primeiro lugar e daí a resistência à inovação. Mas se você traz uma nova técnica e consequentemente ocupa a posição de ser o primeiro médico a usá-la e, durante muito tempo, é o único, cabe a você, inevitavelmente, o ônus de demonstrar a segurança e eficácia do novo método”, afirma o oftalmologista.

Hoje, a técnica de cirurgia de catarata com implante de lentes intraoculares, é  popular no Brasil e no mundo, conhecida por todos os médicos oftalmologistas e referendada pela sua  segurança e eficácia.

 

“Nos anos 80 foram feitas as primeiras cirurgias. E, aos poucos, a técnica foi sendo aprimorada e as lentes intraoculares foram sendo aperfeiçoadas a partir do desenvolvimento de novos materiais. Se antes a técnica dependia em grande parte da experiência e habilidade do cirurgião, hoje novos equipamentos facilitam o ato operatório para os médicos que realizam a cirurgia. Se antes tínhamos poucas opções de lentes intraoculares, agora as opções são infinitas”, destaca Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, Presidente do HOlhos (Hospital de Olhos de Minas Gerais). 

Para saber mais sobre como o neto da vovó Chiquinha, Dr. Ricardo Guimarães, construiu a sua trajetória como pioneiro e referência na Cirurgia de Catarata no Brasil e no mundo,  não perca a estreia da série exclusiva sobre a Cirurgia de Catarata com o Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, referência mundial na área, diretor do Hospital de Olhos de Minas Gerais e do LAPAN – Laboratório de Pesquisa Aplicada às Neurociências da Visão.