O que você precisa saber sobre a visão 3D

Luana Rodrigues

Sabia que você enxerga tudo em 3D, diariamente e automaticamente, todos os dias?

Provavelmente quando você pensa em visão 3D, sua primeira ideia são os filmes do cinema, certo? Mas esta tecnologia que gera camadas de imagens simultâneas e que possibilita que você possa enxergar com a sensação de que tudo está tridimensional já vem “embutida” na sua visão. Sim,  você enxerga tudo em 3D, diariamente e  automaticamente, todos os dias.

Quando você sobe uma escada e percebe cada degrau, é o seu sistema de percepção de profundidade que mostra cada um deles em planos diferentes. O mesmo acontece quando você coloca algum objeto em uma mesa. Você sabe exatamente qual a distância que deve levar o objeto para que ele fique no lugar certo.

Mas você sabia que uma parte da população não consegue ter essa percepção? Esse é um assunto da área de Neurovisão (Neurociências da Visão), que vamos falar neste artigo. Vamos lá?

Como os nossos olhos transformam o que vemos em 3D?

A primeira coisa que você precisa saber é que a visão vai muito além dos olhos. Os olhos são a porta de entrada para aquilo que enxergamos. Nossos olhos captam toda a luz e  enviam, através do nervo óptico, a informação visual de tudo que nos cerca para o cérebro. E é o cérebro quem transforma os impulsos (ou seriam espectros) luminosos em imagem. 

O caminho que a luz faz entre os olhos e o cérebro é longo, mas acontece em milésimos de segundos. E uma das etapas fundamentais para que você enxergue em 3D, está na retina. 

É nessa parte do olho que enxergamos a luz. Nela existem células especiais (fotorreceptoras) que traduzem os componentes dessa luz, e ajudam na formação da imagem. É possível distinguir bordas, a intensidade do que estamos vendo e as cores, que permitem que você enxergue formas e contrastes. 

Esses pontos são fundamentais para que você consiga criar a percepção 3D do que está perto de você.

 

Ah, mas essa pessoa é muito desastrada!

Agora que você já sabe que essas células da retina precisam funcionar corretamente para proporcionar uma visão 3D, já pensou se ela está conseguindo desempenhar direito este papel?

Isso mesmo. Quando a retina e as células fotorreceptoras não conseguem desempenhar corretamente as suas funções, ocorrem os ruídos na visão. E quando existe um problema na entrada da luz e a pessoa não processa corretamente a informação, perdendo por exemplo a capacidade tridimensional da visão, ela pode ser considerada por muitos “desatenta e desastrada”. 

Isso porque ela , provavelmente, vai andar esbarrando em tudo, como mesas, cadeiras e, por causa disso,  vai acabar se machucando ou ficando cheia de marcas roxas. Ela também vai derrubar coisas com muita facilidade. Vai ter dificuldades na hora de praticar esportes, subir degraus e escadas rolantes e até mesmo estacionar o carro. 

Esses são alguns dos sintomas das pessoas que têm dificuldades na visão 3D. 

 

Dificuldades para jogar bola

Por exemplo, ao jogar bola, é importante estar atento! É preciso estimar a velocidade da bola vindo em sua direção e calcular o momento exato em que ela chegará em seus pés, para então conduzi-la na direção certa. E o mesmo acontece com todos objetos ao seu redor.

 

Dificuldades também na leitura

Em muitos casos também é comum que essas pessoas, principalmente crianças em fase de aprendizagem, tenham dificuldades na leitura. Essas células especiais da retina, ao enviar a informação visual com  ruídos, podem ter como sintomas as distorções visuais. 

Essas distorções dificultam a leitura e compreensão de textos. E podem aparecer de formas variadas em cada pessoa.

E esses sintomas podem indicar uma condição que dificulta muito a leitura e o aprendizado: a Síndrome de Irlen. 

 

Sobre a Síndrome de Irlen

A Síndrome de Irlen (SI) é  caracterizada por um conjunto de sintomas que incluem a fotofobia, ou seja, grande desconforto em lidar com a luz associado a uma dificuldade própria de se adaptar ao ambiente claro e escuro. 

Outros sintomas muito frequentes são: dores de cabeça, enxaquecas, distorções visuais, além de alterações na orientação visuoespacial (dificuldade com a percepção de profundidade e a limitação da habilidade de avaliação tridimensional das coisas).

As queixas de dificuldades em enxergar em 3D (principalmente quedas e deixar cair muito as coisas) e as letras se mexendo durante a leitura são distorções presentes nos diagnósticos para Síndrome de Irlen.

A identificação da SI é feita por meio da aplicação de um protocolo padronizado, conhecido como Método Irlen. O “Screening” detecta as distorções visuais e determina a cor das lâminas ou os filtros espectrais que neutralizam tais dificuldades – que variam de pessoa para pessoa. Eles ajudam a luz a entrar nas células da retina, de maneira correta. 

É muito importante avaliar a visão muito além dos olhos. Saiba mais sobre outros sintomas da Síndrome de Irlen como a fotofobia aqui.