Daltonismo: entenda o que é, o que causa e como tratar

Redação

Nesta entrevista com Dr. Ricardo Guimarães sobre o daltonismo, entenda o que é, o que causa e como tratar esta anomalia.

O daltonismo altera a percepção das cores, como o verde e o vermelho, e ele afeta entre 8 e 10% da população mundial.

Pois é. Se você está lendo este artigo, provavelmente  já ouviu falar ou até mesmo pode ser uma pessoa que confunde as cores, correto? Quando isto acontece, pode indicar o daltonismo.  Isso pode acontecer mesmo quando você tem a acuidade visual perfeita. O nome desta anomalia que afeta a visão, vem de John Dalton, o químico que descreveu em um artigo sua condição de daltônico ao confundir as cores verde e vermelho. 

O que causa o daltonismo?

O daltonismo geralmente é hereditário, afeta mais os homens que, por sua vez, herdam o cromossomo sexual X da mãe.  Ou seja, como o sexo feminino é definido por dois cromossomos X e o masculino por um X e um Y,  para ser do sexo masculino, o bebê sempre recebe o cromossomo X da mãe e o Y do pai.  Por isso, os homens são mais afetados que as mulheres. Já as mulheres,  apesar de terem dois cromossomos X, raramente são daltônicas.

Além dos fatores de gênero, o daltonismo é também mais comum em europeus e raro em índios, pontua Dr. Ricardo Guimarães.

 

A ATRIZ ANA FURTADO É UM DOS CASOS RAROS DE MULHERES DALTÔNICAS. Apenas 1 a cada 200 mulheres tem daltonismo.

E por que os casos de daltonismo são raros nas mulheres?

O fato de as mulheres serem menos afetadas é porque, para acontecer o daltonismo nas mulheres, elas precisariam herdar tanto o cromossomo X da mãe, como o cromossomo X do pai, daltônicos. E isso é raríssimo de acontecer. E, ao contrário dos homens, quando ela recebe apenas um cromossomo X com daltonismo, ela não desenvolve a deficiência de enxergar as cores. 

“Nos Estados Unidos, um a cada 12 homens pode ser afetado pelo daltonismo.  Entre os americanos, cerca de 8% da população masculina é daltônica. Isso quer dizer que, a cada 200 homens, 16 serão daltônicos. É muita gente afetada. Ao contrário, a cada 200 mulheres, apenas 1 será daltônica.”  esclarece Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, presidente do HOlhos de Minas Gerais.

 

 

QUAIS SÃO OS TIPOS DE DALTONISMO? Um daltônico não é capaz de enxergar, dependendo do tipo de daltonismo, as cores verde, vermelho ou azul. Em alguns casos raros,  nenhuma cor é capturada pelo olho humano o que é conhecido como acromatia ou monocromia.

 

Entre todas as pessoas daltônicas, a grande maioria – 99%, segundo Ricardo Guimarães – sofrem de daltonismo vermelho-verde, que é a dificuldade de distinguir e confundir essas duas cores. Ele, inclusive, destaca que há tipos de daltonismo, com base nos diferentes tipos de cones encontrados na retina que respondem à luz azul, verde e vermelha. Eles são chamados de defeitos tritanopia, protanopia e deuteranopia. 

 

COM DIAGNOSTICAR O DALTONISMO? O diagnóstico pode ser feito com o Teste de visão de cores de Ishihara, através de uma sequência de diversos círculos, com diferentes cores, tamanhos e brilhos, com números subscritos.  Pessoas com daltonismo não conseguem enxergar os números que constam nos círculos.

 

“O daltonismo mais comum é o daltonismo vermelho-verde, em seguida é o daltonismo azul-amarelo e o mais raro é o daltonismo total, que é a ausência completa de cores. Uma forma ainda mais rara é chamada de discromatopsia unilateral, o que significa que um olho pode normalmente ver as cores enquanto o outro olho é daltônico”, explica o oftalmologista.

 

Entenda os tipos de daltonismo

      • Protanopia: dificuldade em diferenciar cores no segmento verde-vermelho-amarelo.
      • Deuteranopia: a pessoa tem dificuldade de perceber a luz verde e isso prejudica na distinção da luz azul, amarelo, violeta, vermelho e verde.
      • Tritanopia: há ausência de cones “azuis” ou de comprimento de onda curta, resultando na impossibilidade de ver cores na faixa azul-amarelo.
      • Monocromia (Acromatia): observam cores sob uma rampa monocromática ou com níveis de coloração muito baixos. É muito rara a ocorrência em humanos.

DR. RICARDO GUIMARÃES, PRESIDENTE DO HOLHOS DE MINAS GERAIS, destaca que além da anomalia genética, a perda da capacidade de distinguir as cores pode ser causada pelo envelhecimento e degenerações oculares como a catarata, por danos ou disfunções no processamento visual relacionados à retina.

Nesta entrevista para o Visão para o Futuro, Dr. Ricardo Guimarães, responde as 5 perguntas mais frequentes sobre daltonismo. Vamos conferir?

1) Quais os desafios diários impostos para quem daltonismo?

Dr. RG: Um dos problemas mais comuns que os daltônicos têm de enfrentar é comprar roupas que combinem ou distinguir frutas maduras daquelas que não são.  Para um cozinheiro daltônico, por exemplo,  o daltonismo vermelho-verde pode afetar o ponto de cozimento da carne.  Isto porque ele não vai conseguir distinguir os vários tons de vermelho. 

2) Existe cura ou tratamento para o daltonismo?  

Dr. RG: Não há cura, mas tem tratamento. Lentes de contato ou óculos com lentes especiais podem ajudar a melhorar o daltonismo, enfatizando as cores que faltam em cada deficiência.  Porém, nenhum tratamento pode devolver a visão normal.

3) Como é feito o diagnóstico do paciente?  

Dr. RG: É muito comum que o daltonismo seja confundido com outras condições. O  diagnóstico pode ser feito com testes de triagem. O mais comum é o Teste de cores de Ishihara. Porém, este teste indica se você tem algum tipo de distúrbio relacionado à percepção das cores, mas não indica com precisão o grau de profundidade dessa deficiência. Para saber o quanto o daltonismo afeta a sua visão, qual é o tipo da deficiência que você possui, e principalmente, para iniciar um tratamento oftalmológico, você deve procurar um médico oftalmologista e realizar exames quantitativos.

4) Como identificar o daltonismo em crianças?

Dr.RG:  Quando as crianças começam a apresentar problemas para distinguir cores, dificuldade em enxergar algumas palavras em fundo colorido nos exercícios da escola. Por exemplo, pintar as folhas da árvore na cor vermelha e o tronco de verde.

5) Além dos fatores genéticos,  existem outros fatores que podem causar ou serem confundidos com o daltonismo?

Sim. Além da anomalia genética, a perda da capacidade de distinguir as cores pode ser causada pelo envelhecimento e degenerações oculares como a catarata, por danos ou disfunções no processamento visual relacionados à retina.

Entenda mais sobre distúrbios do processamento visual relacionados à retina neste próximo artigo que fala sobre enxergar o mundo sem nitidez,  com dificuldades e distorções