Como planejar a sua cirurgia de catarata?

Fatores  influenciam a decisão do médico de quando fazer e como indicar a cirurgia de catarata.

Neste artigo vamos listar o que você deve considerar para a cirurgia que, se bem planejada, pode fazer uma restauração completa da sua qualidade de visão.  Isto porque, estilo de vida, atividades diárias, profissão, hobbies, atividades físicas tornam diferentes as necessidades visuais de cada pessoa. 

Diante disso, para ajudar você a planejar a sua cirurgia de catarata, ouvimos o Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, Presidente do Hospital de Olhos de Minas Gerais. Pioneiro na cirurgia de catarata no Brasil e no mundo, ele elenca quais os fatores  influenciam a decisão do médico de quando fazer e como indicar a cirurgia de catarata.

“A medida que a técnica cirúrgica evoluiu, novas lentes foram lançadas e, nós médicos, passamos a dispor de recursos que permitem personalizar cada vez mais a cirurgia e, consequentemente, os resultados alcançados.” explica Dr. Ricardo.

A cirurgia de catarata deixou de ser a mesma para todos. A necessidade visual de um motorista, de um aviador, de um professor são bem diferentes e demandam soluções personalizadas.

E o que isto significa na prática? Veja abaixo os  fatores que devem ser considerados  pelo médico na hora de planejar a sua cirurgia de catarata. 

1. Solução personalizada. A cirurgia de catarata deixou de ser a mesma para todos. A  regra de uma  solução padrão que deve ser encaixada para muitos, deu lugar a personalização da cirurgia.  Uma indicação para cada pessoa, levando em consideração fatores relacionados tanto ao perfil anatômico do olho, quanto aos aspectos funcionais da visão, levando em conta hobbies e profissão. A necessidade visual de um motorista, de um aviador, de um professor são bem diferentes. Práticas de esportes e hobbies também exigem capacidade visual  adequada àquela atividade. 

2. O perfil de visão e refracional do candidato à cirurgia.

Ou seja, além da catarata, o médico deve avaliar se você tem outros problemas de visão como erros de refração,  doenças coexistentes como glaucoma, estrabismo, retinopatias e outras condições possíveis. 

3. Como a cirurgia de catarata pode beneficiar o tratamento de outras doenças oculares

Se você tem outras doenças como o glaucoma, o planejamento da sua cirurgia irá contemplar a oportunidade da cirurgia de catarata ser feita de forma associada para tratar os dois problemas. Neste caso, para o paciente de glaucoma,  a escolha do tipo de lente e da técnica cirúrgica será feita com o objetivo de obter melhor controle da pressão intraocular. Da mesma forma, a seleção da lente e da técnica poderá oferecer um benefício adicional a cirurgia da catarata para portadores de anisometropia, ou alta miopia, assim como pacientes com fotofobia.

4. Escolha da lente intraocular. Qual a melhor lente a ser usada no meu caso?

O oftalmologista tem a seu dispor um número quase infinito de lentes intraoculares, cada uma com suas características ópticas. Por exemplo: as lentes são diferentes em forma, tamanho e material de fabricação. Também podem ser monofocais, bifocais, multifocais, refrativas, difrativas, de silicone, acrílico, com ou sem alça, de plataforma, acomodativas, com filtros, ajustáveis. Enfim, são muitas opções.

De fato, não existe uma lente que seja ideal para todos.  Ao planejar a cirurgia de catarata, o médico deve escolher a lente de acordo com o perfil do paciente e o tipo de resultado que ele valoriza.

Dica extra: todas as opções de lentes intraoculares usadas no Brasil, fabricadas no pais ou no exterior, são aprovadas para uso e têm o mesmo padrão. Ou seja:  não há diferença de qualidade entre as lentes nacionais e as importadas.

As opções de lentes intraoculares são diferentes em forma, tamanho e material de fabricação. Também podem ser monofocais, bifocais, multifocais, refrativas, difrativas, de silicone, acrílico, com ou sem alça, de plataforma, acomodativas e com filtros, ajustáveis.

E para ajudar você a se situar um pouco neste universo de opções de lentes intraoculares, hoje vamos falar das lentes intraoculares multifocais e asféricas. 

Primeiro entenda como funcionam as lentes multifocais

Se você usa óculos já deve saber que as lentes multifocais podem focar em várias distancias.  E que os óculos com lentes multifocais podem ser a  melhor opção para quem precisa de correção do grau para longe e para perto.  Porém, as lentes multifocais para óculos usam tecnologia diferente das lentes intraoculares. Ou seja: a boa adaptação com os óculos multifocais não garante boa adaptação com as lentes multifocais intraoculares. Embora, os casos de não adaptação às lentes intraoculares multifocais sejam muito raros.

As  lentes multifocais  são usadas desde os anos 80.  Portanto, há mais de 30 anos, são implantadas na cirurgia de catarata com ótimos resultados.  A questão principal é que a lente multifocal demanda uma boa visão. Ou seja: se o paciente é portador de alguma doença na retina ou degeneração macular esta lente deve ser evitada. Outro ponto importante que deve ser considerado é a expectativa de vida. Em pacientes mais jovens, com expectativa de vida longa, há chance de desenvolverem  degeneração macular. Nestes casos,  o médico deverá optar por outras tecnologias que proporcionem boa visão de longe e de perto. Portanto, analisar expectativa de vida, condições associadas e doenças oculares pré-existente são pontos de atenção para a tomada de decisão pelas lentes multifocais intraoculares.

As  lentes asféricas são o oposto das lentes esféricas. Isto é: são lentes com curvatura menos acentuada e, por isso, geram menos distorções na visão. 

Em toda lente oftálmica existem aberrações. Ou seja, desvios indesejados dos raios de luz, percebidos como deformação ou embaçamento da imagem.  Essas distorções são mais percebidas pelo usuário quando ele olha pela proximidade da borda da lente ou da periferia da armação dos óculos.  Na prática, o que acontece é que ao tentar visualizar um objeto que se encontra fora de seu campo de visão, diante da presença da aberração causada pelas lentes, você  se vê obrigado a virar a cabeça para obter nitidez, quando, muitas vezes, bastaria um simples movimento dos olhos. 

O uso das lentes asféricas na cirurgia de catarata é justamente para reduzir ou eliminar estas aberrações.  Ao ampliar o campo de visão, permite-se um maior conforto. Para construir essas lentes, desenvolveram-se curvas de formato mais complexo e mais planas.

“Escolher uma lente ideal é como escolher a casa ideal, o carro ideal, a roupa ideal. Existem, sim, lentes que são adaptadas à maioria das pessoas de um perfil semelhante. Porém, ainda assim,  podemos e devemos personalizar a cirurgia.” reforça Dr. Ricardo Guimarães.

Não perca a estreia da série exclusiva sobre a Cirurgia de Catarata com o Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, referência mundial na área, diretor do Hospital de Olhos de Minas Gerais e do LAPAN – Laboratório de Pesquisa Aplicada às Neurociências da Visão.

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