Como o seu trabalho pode impactar na saúde da sua visão?
Após um longo dia de trabalho, você provavelmente já voltou para casa sentindo dores e tensões em partes do seu corpo. Desde dores de cabeça, até incômodos nas articulações, nos olhos, nos ombros. Pode até ter enfrentado algum tipo de reflexo psicológico, como crises de insônia. E você pode até achar que isso é normal, correto?
Não! Isso não está certo e não deveria ser normal sentir dores relacionadas aos esforços físicos e mentais recorrentes. Muitas vezes, esses problemas surgem de maneira silenciosa e podem levar mais de 10 anos para se manifestar ou apresentar sintomas que levem ao diagnóstico.
O ambiente de trabalho, e tudo que faz parte dele, como por exemplo, as condições físicas do local: mobiliário, temperatura e, principalmente, a iluminação, tem grande impacto na sua produtividade, na sua qualidade de vida e de como você vai se sentir após o horário de expediente. É preciso entender o que pode acontecer com o bem-estar do seu corpo.
Qual a relação da sua profissão com o funcionamento do seu corpo?
Uma das principais doenças ocupacionais é a LER – Lesões por Esforço Repetitivo – algo que se tornou comum entre profissionais que realizam uma atividade que demanda a repetição de movimentos ao longo do dia. Com o aumento do uso de computadores também aumentaram os casos de lesões por esforço repetitivo.
Jornalistas, publicitários, profissionais de tecnologia, de RH, contadores, designers e programadores, são alguns exemplos de categorias que passam horas do dia diante das telas e dos teclados. Geralmente, todos trabalham com uma postura inadequada e anti ergonômica, o que causa uma sobrecarga muscular, podendo levar à inflamações nos músculos e tendões.
Essas lesões podem causar tendinite, bursite, tenossinovite, além da perda da força, fisgadas e formigamento na região afetada, que são consequências da LER. É preciso ficar atento a qualquer incômodo, pois o seu corpo sempre dá sinais quando algo não vai bem.
A iluminação artificial e o sono
Outro problema que vem se agravando devido ao uso excessivo da tecnologia, celulares, computadores, tablets, são aqueles que acontecem por causa do brilho emitido pelas telas.
O uso em excesso desses aparelhos pode alterar o funcionamento do seu relógio biológico. Durante a noite, enquanto dormimos, o nosso corpo produz diversos hormônios importantes. E isso requer atenção, não apenas pelo uso em excesso das telas, que emitem raios que podem confundir o nosso ciclo circadiano, mas aqueles profissionais que trabalham em horários noturnos – médicos, enfermeiros, vigias – podem sofrer uma desregulação da produção desses hormônios.
A miopia – erro de refração que afeta milhões de brasileiros – pode ser uma das consequências da utilização indiscriminada desses aparelhos. Saiba mais aqui.
Outros problemas do sistema visual podem ser desencadeados pelas condições inadequadas no ambiente de trabalho.
Problemas visuais relacionados ao ambiente de trabalho
É preciso ficar atento também a ambientes que apresentam baixa renovação do ar e que contam com a presença de ar condicionado. Dra. Márcia Guimarães, médica oftalmologista e chefe do departamento de Neurovisão do HOlhos, explica como esses ambientes podem impactar o sistema visual.
A Síndrome do Olho Seco tem como características a irritação na região, sensação de ardência e de olho pesado. Saiba mais aqui.
Além da influência das tecnologias, é importante que aquelas pessoas que trabalham em ambientes que ficam expostos às altas temperaturas tenham atenção com a sua saúde visual.
Profissionais que trabalham em padarias, restaurantes, siderúrgicas, podem ser mais propensos a desenvolverem a catarata. A situação de calor intenso pode danificar o cristalino, região dos olhos afetada pela catarata. Para isso, é importante que esses trabalhadores busquem proteger essa região e realizem pequenos intervalos para que o globo ocular se recupere.
Profissionais que têm contato com produtos químicos também precisam ter cuidado redobrado. Além de evitar o contato direto com olhos, é preciso atenção com os vapores gerados por eles.
“Temos por exemplo casos de empresas que trabalham com substâncias químicas. Se acontece algum tipo de escape dessas substâncias e os profissionais têm contato com partículas, eles podem desenvolver quadros de alergia, prurido ocular, coriza e outras alterações visuais e até auditivas” explica Dra. Márcia Guimarães.
Os distúrbios neurovisuais e o desempenho profissional
Se existe algum desconforto visual ou se algo não funciona corretamente no processamento da visão, é bem provável que o seu desempenho profissional e a sua produção no trabalho diminuam.
Os conhecimentos sobre a Neurovisão (Neurociências da visão) têm sido fundamentais para encontrar respostas. Muitas vezes, dificuldades comuns do dia a dia de trabalho, podem estar relacionadas ao desconforto ou extremo cansaço após um longo esforço visual.
Dra. Márcia conta que muitos dos pacientes atendidos na clínica de Neurovisão do HOlhos, tem uma grande virada profissional após o diagnóstico de algum distúrbio visual.
“Tenho pacientes que relatam dificuldades no dia a dia, principalmente no trabalho. Eles executam um bom trabalho, muitos têm posição de destaque no que fazem, mas no final do dia, eles estão exaustos. O cansaço é resultado de um esforço físico enorme que eles fazem durante o dia, especialmente o esforço visual” conta.
No caso dos pacientes de Síndrome de Irlen, essa adaptação faz parte da vida. Conheça a história de Lucas, contada pela autora Cris Guerra, que conta como esse esforço se fez presente em seu dia a dia e como as mudanças transformaram a sua vida.
Se você quer saber mais sobre outros desafios na vida profissional relacionados ao sistema visual, confira o nosso post sobre dores de cabeça e hipersensibilidade.