Como o Estresse Visual se manifesta nos portadores da Síndrome de Irlen.
Entre os sintomas os portadores da síndrome de Irlen sentem desconforto à luz e má percepção sensorial.
Quando uma criança está aprendendo a ler ou a jogar bola, as habilidades visuais demandadas são inúmeras. Um esforço que vai muito além da leitura de letrinhas em diferentes tamanhos.
Ela tem que mexer os olhos em sincronia e em diferentes sentidos para que corram de forma ordenada sobre as letras de forma que seja possível compreender que as letras formam sílabas e as sílabas palavras, e aquele grupo de letras com formações distintas têm diferentes significados.
Na prática de esportes, a criança deve estimar a velocidade da bola vindo em sua direção e calcular o momento exato que a bola chega às suas mãos ou pés. Precisa também dimensionar o volume da bola para que consiga agarrá-la ou chutá-la na direção certa.
O mesmo acontece com os motoristas quando dirigem um carro. Eles dependem das mesmas habilidades visuais para calcular a distância dos outros carros, para fazer manobras ou estacionar. Precisam de visão periférica, da noção de profundidade.
Para entendermos o nosso Sistema Visual, precisamos extrapolar o exame do olho, do órgão e passar a entender como o processamento visual acontece.
Mas algumas pessoas não conseguem fazer isso. Não são capazes de adaptar-se rapidamente a tantas variações. Porque para elas tudo é percebido de forma muito mais aguçada. Todas as variações e estímulos do ambiente são mais gritantes do que para a maioria. São os portadores da Síndrome de Irlen (SI) também conhecida como Estresse Visual.
As manifestações que podem estar presentes em portadores de Estresse Visual
– Fotofobia
– Cefaleia
– Enxaqueca
– Distorções visuais
– Problemas na resolução visuoespacial
– Restrição de alcance focal
– Dificuldades na manutenção do foco
– Alterações na percepção de profundidade
– Astenopia
A astenopia é uma manifestação sempre presente entre os portadores de Estresse Visual. Caracterizada pela sensação de ardência, ressecamento ocular. Os olhos ficam vermelhos e lacrimejantes. A pessoa sente a necessidade de piscar com frequência, coçar e apertar os olhos.
Prevalência da Síndrome de Irlen
A psicóloga educacional norte-americana Helen Irlen foi a primeira a descrever a síndrome que carrega seu nome, há quase 40 anos.
Naquela época, desenvolveu uma pesquisa para analisar as condições de leitura de um grupo de adultos caracterizados como analfabetos funcionais. O estudo recebeu a chancela e o patrocínio do governo dos Estados Unidos. Irlen escreveu vários livros sobre o tema e criou uma fundação para ajudar os afetados. A prevalência da síndrome é consideravelmente alta, pois chega a atingir 14% da população. Os números também incluem bons leitores e universitários e torna-se proporcionalmente mais frequente quando o paciente também sofre de déficit de atenção ou dislexia (33% a 46% dos casos).
Em estudo conduzido recentemente em escola municipal da rede pública em Belo Horizonte, foi detectada uma considerável incidência da condição (17%) entre alunos com dificuldade de leitura. O trabalho é parte integrante de uma tese de mestrado em Neurociências da Visão pela UFMG, defendida pela fonoaudióloga Laura Nequini.
Síndrome de Irlen: como identificar?
Seu filho se encaixa nesses sintomas? Talvez seu aluno? Ou um paciente?
A Fundação H.Olhos, em Belo Horizonte, liderada pela Profa. Dra. Márcia Guimarães e pelo Prof. Dr. Ricardo Guimarães, desenvolve um trabalho de capacitação sobre Distúrbios de Aprendizagem em parceria com o Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (LAPAN).
O curso DARV – Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão, tem duração de quatro dias e é voltado para profissionais de saúde e educação. Em sua 35ª edição já formou cerca de 6 mil profissionais de todos os estados do Brasil.
Os conhecimentos compartilhados no curso DARV permitem identificar, a partir da aplicação do Método Irlen, os distúrbios visuais causados pelo Estresse Visual. A 35ª edição do curso acontece no dia 19 de novembro de 2020.
A partir de esforços combinados de uma equipe multidisciplinar de profissionais das áreas da saúde e educação, e pesquisadores da UFMG, USP, PUC e outras universidades brasileiras, o LAPAN já publicou um grande número de trabalhos científicos de visibilidade internacional, além de produzir mais de uma dezena de teses de Mestrado e Doutorado.