Saiba mais sobre o seu cérebro e neurociência

Entenda como o seu cérebro comanda você 

Neste artigo saiba mais sobre cérebro e neurociência. Para começar, vamos esclarecer que a neurociência é a ciência que se dedica ao estudo do cérebro. E, por ser o cérebro um órgão muito complexo anatômica e funcionalmente, dizemos que a neurociência é também uma combinação de muitas ciências. Ou seja, isto equivale a dizer que são muitas as profissões, pesquisadores e especialidades médicas que se dedicam aos estudos da neurociência.

O cérebro é talvez o sistema mais complicado e intrincado que existe. Além da complexidade anatômica,  cheio de vias nervosas compostas por neurônios e centros de processamento difíceis de estudar por serem muito pequenos e delicados,  também é complexo funcionalmente porque processa e cria quase todos os aspectos de nossa experiência consciente. É o cérebro que toma decisões, gera reflexos, identifica e traduz os cheiros, sons e sensações. Afinal, ele faz tantas coisas que ainda não chegamos nem perto de fabricar um computador com a capacidade e rapidez de processamento equivalente as do cérebro.

Cérebro: o órgão. Mente e pensamento: a função

Há uma certa similaridade entre  neurociência e neurobiologia. Muitos pesquisadores dizem que são sinônimos, que neurociência significa o mesmo que neurobiologia . “Eu defendo que a neurobiologia analisa a biologia do sistema nervoso, enquanto a neurociência se refere a qualquer coisa relacionada ao sistema nervoso. Os neurocientistas estão envolvidos em um escopo muito mais amplo que os neurobiólogos.” ressalta Dr. Ricardo Guimarães, Presidente do LAPAN – Laboratório de Pesquisa Aplicada a Neurovisão.

Um neurocientista pode se especializar em uma ampla gama de campos, da neuroanatomia à neuropsicologia. A pesquisa neste campo pode melhorar nossa compreensão do cérebro e de todo o corpo, como eles funcionam e os problemas de saúde que os afetam.

A neurociência é uma ciência interdisciplinar que trabalha em estreita colaboração com outras disciplinas, como matemática, linguística, engenharia, ciência da computação, química, filosofia, psicologia e medicina.

Os neurocientistas estudam os aspectos celulares, funcionais, comportamentais, evolutivos, computacionais, moleculares, celulares e médicos do sistema nervoso. Existem vários campos que se concentram em diferentes aspectos, mas muitas vezes eles se sobrepõem.

Áreas de interesse da neurociência: normal e patológico

A neurociência é muito importante porque envolve praticamente todas as funções humanas, físicas ou mentais e suas descobertas contribuem para uma melhor compreensão de uma ampla gama de condições comuns.

Veja quantas condições diferentes são de interesse dos neurocientistas:

• • • Autismo
    • Distúrbios do sistema sensorial, especialmente visuais, auditivos, perceptuais
    • Distúrbios neurológicos e do sistema imunológico, como esclerose múltipla
    • Enxaqueca
    • Epilepsia
    • Esquizofrenia
    • Mal de Parkinson
    • Síndrome de Down
    • Síndrome de Irlen
    • TDAH
    • Transtornos do Espectro Autista (TEA)
    • Tumores Cerebrais
    • Vícios

Uma maior compreensão dos fatores neurológicos pode ajudar no desenvolvimento de medicamentos e outras estratégias para tratar e prevenir esses e muitos outros problemas de saúde.

Neurociência e os estudos dos Distúrbios de Aprendizagem

Os pesquisadores da neurociência aplicada à visão podem investigar a atividade cerebral tanto na leitura normal, quanto em pessoas com Distúrbios de Aprendizagem Relacionadas à Leitura. Para fazer este estudo são usados equipamentos que medem, por exemplo, vários aspectos da visão tais como acuidade visual, contraste, cores  e campo visual. Os estudos também incluem como os olhos se movimentam durante a leitura. 

Saiba mais neste artigo porque ler é uma atividade tão difícil para o nosso cérebro.

Neurociência e as doenças de Parkinson e Alzheimer

Os pesquisadores das neurociências também podem voltar seus estudos para pessoas com doenças como Parkinson ou a doença de Alzheimer. Aqui também as ferramentas são os olhos e a visão,  os exames de ressonância magnética e modelos 3-D computadorizados. Eles podem fazer experimentos usando amostras de células e tecidos. As descobertas nos ajudam a entender os mecanismos de aparecimento da doença facilitando a prevenção ou tratamentos para controlar os sintomas.

“Os neurocientistas são pesquisadores que podem ou não ter um diploma em medicina e exercer ou não a profissão de médico. A maioria deles, no entanto, é formada em outras áreas da saúde e fazem mestrado ou doutorado em Neurociências.” esclarece Dr. Ricardo.

Mas, necessariamente, estão ligados a alguma forma de pesquisa. Existem exemplos de engenheiros, físicos e matemáticos que se tornaram Neurocientistas. Por exemplo, Stanislas Dehaene da Franca é um Matemático.

STANISLAS DEHAENE é um neurocientista francês que atua em diversas linhas de pesquisa, em especial cognição numérica, as bases neurais da leitura.

Será que em algum dia vamos poder conectar nosso cérebro a um computador?

Os Neurocientistas engenheiros ou engenheiros neurais estão interessados em entender, interagir e manipular o sistema nervoso. 

Os neurocientistas computacionais estão criando modelos de computador de sistemas neurais até o nível de neurônios individuais. A engenharia neural gerou muito entusiasmo não apenas pelo desenvolvimento de interfaces entre o cérebro e os computadores, mas também por seu potencial inexplorado para desenvolver tratamento para pacientes com distúrbios neurológicos, como derrames ou epilepsia.

Neurociência e dispositivos para controlar dor e depressão

São eles que também desenvolvem neuropróteses,  dispositivos que usam eletrodos para fazer interface com o sistema nervoso e visam restaurar a função que foi perdida devido à lesão medular ou o controle dos movimentos no Parkinson. O dispositivo também pode ser usado para alívio de alguma dor ou até mesmo no controle de depressão. Estes recursos são implantados no cérebro por um Neurocirurgião.

Neurociências: uma Ciência no Plural. Veja abaixo as diversas áreas de autuação

Neurociência afetiva: pesquisa analisa como os neurônios se comportam em relação às emoções.

Neurociência clínica: médicos especialistas, como neurologistas e psiquiatras, observam os distúrbios do sistema nervoso de descobertas básicas de neurociência para encontrar maneiras de tratá-las e preveni-las. Eles também procuram maneiras de reabilitar aqueles que sofreram danos neurológicos. Os neurocientistas clínicos consideram as doenças mentais como distúrbios cerebrais.

Neurociência Cognitiva: analisa como o cérebro, e os fatores neurais subjacentes a esses processos. Durante a pesquisa, os cientistas medem a atividade cerebral enquanto as pessoas realizam tarefas. Este campo combina a neurociência com as ciências cognitivas da psicologia e da psiquiatria.

Neurociência Comportamental: este é o estudo de como o cérebro afeta o comportamento.

Neurociência computacional: cientistas tentam entender como os cérebros computam. Eles usam computadores para simular e modelar funções cerebrais e aplicar técnicas de matemática, física e outros campos computacionais para estudar a função cerebral.

Neurociência Cultural: este campo analisa a interação entre os fatores culturais e os processos genômicos, neurais e psicológicos. É uma nova disciplina que pode ajudar a explicar as variações nas medidas de saúde entre diferentes populações. As descobertas também podem ajudar os cientistas a evitar preconceitos culturais ao projetar experimentos.

Neurociência do Desenvolvimento: analisa como o cérebro e o sistema nervoso crescem e mudam , desde a concepção até a idade adulta. As informações coletadas ajudam os cientistas a entender mais sobre como os sistemas neurológicos se desenvolvem e evoluem. Permite-lhes descrever e compreender uma série de distúrbios do desenvolvimento. Também oferece pistas sobre como e quando os tecidos neurológicos se regeneram.

Neurociência Molecular e Celular: os cientistas analisam o papel de moléculas, genes e proteínas individuais no funcionamento dos nervos e do sistema nervoso em nível molecular e celular.

Neuro Engenharia: Os pesquisadores usam técnicas de engenharia para melhor entender, substituir, reparar ou melhorar os sistemas neurais.

Neurofisiologia: analisa como o cérebro e suas funções se relacionam com diferentes partes do corpo e o papel do sistema nervoso, desde o nível subcelular até órgãos inteiros. Ele ajuda os cientistas a entender como o pensamento humano funciona e fornece informações sobre distúrbios relacionados ao sistema nervoso.

Neuroimagem: este é um ramo da imagem médica que se concentra no cérebro. A neuroimagem é usada para diagnosticar doenças e avaliar a saúde do cérebro. Também pode ser útil no estudo do cérebro, como ele funciona e como diferentes atividades afetam o cérebro.

Neuro Informática: este campo envolve a colaboração entre cientistas da computação e neurocientistas. Os especialistas desenvolvem maneiras eficazes de coletar, analisar, compartilhar e publicar dados.

Neurolinguística: especialistas investigam como o cérebro nos permite adquirir, armazenar, entender e expressar a linguagem . Ajuda os fonoaudiólogos a desenvolver estratégias para ajudar crianças com dificuldades de fala ou pessoas que desejam recuperar a fala após, por exemplo, um acidente vascular cerebral.

LAPAN – Reunindo cientistas para estudar Neurociências da Visão 

” No ano de 2008 quando o LAPAN – Laboratório de Pesquisas Aplicadas a Neurociências da Visão  foi criado, o termo era ainda muito novo e desconhecido para pessoas leigas não ligadas a saúde ou a pesquisa. Por ser uma ciência de conexão com várias áreas do conhecimento, muitos induzem seu significado pela obviedade dos termos Neuro e Ciência, mas poucos compreendem sua extensão e importância.

Os neurocientistas de modo bem geral concentram seu interesse no processamento neural, principalmente no cérebro, seus mecanismos e seu impacto no comportamento. Eles também investigam o que acontece com o sistema nervoso quando as pessoas têm distúrbios sensoriais, neurológicos, psiquiátricos e do neurodesenvolvimento.

Os neurocientistas clínicos consideram as doenças mentais como distúrbios cerebrais. Neurociência cognitiva: analisa como o cérebro forma e controla os pensamentos e os fatores neurais subjacentes a esses processos. Durante a pesquisa, os cientistas medem a atividade cerebral enquanto as pessoas realizam tarefas.

A neurociência cognitiva procura usar observações do estudo do cérebro para ajudar a desvendar os mecanismos da mente . Como os sinais químicos e elétricos produzidos pelos neurônios no cérebro dão origem a processos cognitivos, como percepção, memória, compreensão, insight e raciocínio. E uma área muito importante para a psicologia e pedagogia.

Em outras palavras, a neurociência explora o cérebro de uma perspectiva biológica, neural e química, enquanto a ciência cognitiva estuda memória, linguagem, raciocínio, atenção e aprendizado – processos mentais.”

Por Dr. Ricardo Guimarães, Presidente do LAPAN.