O que você precisa saber sobre a visão do recém-nascido.
Neste artigo vamos falar o que você precisa saber sobre a visão do recém-nascido.
Nos primeiros dias de vida, depois de abrir seus olhinhos para o mundo, a visão do bebé é basicamente a mesma de quando ele ainda era um feto com 36 semanas de gestação. Ou seja, do “ponto de vista” de um recém-nascido, as coisas ficam confusas por um tempo. Isto porque, embora os olhos possam ver, o cérebro ainda não está pronto para processar toda a informação visual captada por eles.
A capacidade de foco ainda é subdesenvolvida e a acuidade visual (a capacidade de discernir e ver com nitidez formas e detalhes em objetos) em bebês recém-nascidos é de cerca de 20/400 ou 6/120m. Por exemplo: o bebê só consegue ver o que está, no máximo, a 6 metros de distância, o que olhos com acuidade visual normal conseguiriam ver a uma distância de 120 metros. Aos 6 meses de idade, isso melhora para 20/25 ou 6/7,5m.
Quer saber melhor sobre Acuidade Visual? Entenda aqui.
“O bebê nasce com uma grande hipermetropia que normalmente irá desaparecer ao longo do seu crescimento. Este processo é conhecido como emetropização, que é quando o comprimento do globo ocular vai se ajustando ao poder refracional da córnea e da lente do cristalino.” explica Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista, Presidente do HOlhos de Minas Gerais.
A emetropização, ou o ajuste da refração do globo ocular, termina por volta dos 6 anos de idade.
Uma condição comum na visão do recém-nascido é a hipermetropia. Um erro de refração que acontece quando os raios de luz se concentram depois da retina, quando o correto seria na retina. A hipermetropia normalmente diminui para um nível baixo na adolescência . No entanto, o processo de emetropização difere entre as crianças e uma interrupção, como uma redução mais rápida da hipermetropia com o alongamento do globo ocular, pode resultar em um início precoce de miopia, que é o inverso. Ou seja, os raios de luz se concentram antes da retina.
Na visão do recém-nascido, os olhos têm aproximadamente dois terços do seu tamanho total.
Erros de refração não corrigidos, como miopia , hipermetropia e astigmatismo, bem como outros problemas oftalmológicos podem afetar o desenvolvimento motor e cognitivo, além do visual.
E o que acontece com a visão do recém-nascido à medida que cresce?
Cada criança é única e pode atingir certos marcos em diferentes idades. O gráfico abaixo resume vários marcos da visão do recém-nascido até completar o seu primeiro ano de vida. É importante observar que o gráfico é apenas uma orientação e não deve ser usada para substituir uma consulta com um profissional de saúde ocular treinado.
Hoje sabemos que a visão continua se desenvolvendo até a adolescência em atributos visuais refinados como a estereopsia que é a noção de profundidade, visão de cores, ou a de textura.
A importância da luz natural e das atividades ao ar livre
Sabemos, hoje, que as crianças precisam de uma exposição a luz natural do sol de pelo menos 3 horas por dia. Chamamos esta exposição de dieta espectral de luz. Estudos recentes mostram que crianças com uma dieta espectral inferior a 3 horas vão desenvolver miopia. E quanto menor a dieta espectral maior a miopia.
Visão do recém-nascido e das crianças. 5 perguntas frequentes por Dr. Ricardo Guimarães.
1 – Quando meu filho deve fazer o primeiro exame oftalmológico?Dr. RG: Depois do Teste do Olhinho que é feito ainda na maternidade, o primeiro exame oftalmológico completo deve acontecer aos 6 meses de idade, mesmo que nenhum problema ocular ou visual seja aparente. Se houver alguma doença ocular hereditária, o primeiro exame oftalmológico completo pode ser feito antes dos 6 meses ou conforme recomendado por um profissional de saúde ocular.
2 – O que devo observar se meu bebê for prematuro?
Os olhos de uma criança nascida prematuramente serão examinados por um especialista logo após o nascimento para descartar quaisquer condições oculares comuns, como catarata, glaucoma infantil e tumores oculares.
3 – Como posso saber se há algo errado com os olhos do meu filho antes dos 6 meses de idade?
Você deve perceber alguns sinais de problemas de visão. Por exemplo: se você achar que seu filho não esta respondendo adequadamente aos estímulos visuais do ambiente ou que não está atingindo um marco importante do desenvolvimento visual, agende um exame oftalmológico com um oftalmologista o quanto antes.
4 – Com que frequência devo levar meu filho para um exame oftalmológico?
Se os primeiros exames forem normais, a recomendação ideal é:
- 1 vez entre 6 a 12 meses de idade
- 1 vez entre 2 e 4 anos de idade
- Todo ano a partir dos 5 anos e em idade escolar.
5 – Quais são os sinais de visão deficiente em uma criança?
Observe se a criança não está interessada em rostos ou brinquedos apropriados para a idade. Inclinar a cabeça e apertar os olhos com frequência na tentativa de ver o ambiente com clareza é outro sinal de que uma criança pode ter problemas de visão.
“Bebês e crianças não são capazes de se queixar de problemas de visão, por isso é importante que os pais e cuidadores estejam atentos a esses sinais e garantam que eles façam exames oftalmológicos regulares e oportunos.” ressalta Dr. Ricardo.
Conheça as estruturas básicas do olho humano
Para ajudar você a compreender melhor o mecanismo e a estrutura responsável pelo funcionamento da visão, aqui estão algumas breves definições das estruturas básicas do olho humano:
- CÓRNEA: a fina camada transparente que cobre a parte frontal do olho
- ÍRIS: o tecido colorido na frente do olho
- PUPILA: a mancha escura no centro do olho. Na luz brilhante, a íris se expande e a pupila fica menor, reduzindo a quantidade de luz que entra no olho. Com pouca luz, a íris encolhe e a pupila fica maior, permitindo que mais luz entre no olho
- LENTE: quando a luz entra no olho, ela atinge a lente, que fica atrás da pupila e funciona para direcionar a luz para a parte de trás do olho. A lente é responsável pelo “mecanismo de foco” do olho, produzindo uma visão clara
- VÍTREO: a gelatina transparente localizada atrás da lente que preenche o globo ocular
- RETINA: o tecido sensível à luz na parte posterior do olho que contém milhões de células sensíveis à luz chamadas bastonetes e cones. Os bastonetes nos permitem ver com pouca luz e os cones nos permitem detectar e distinguir cores
- MÁCULA: a área da retina que nos permite desfrutar de uma visão central clara e cores
- NERVO ÓPTICO: a estrutura que envia todas as mensagens visuais ao cérebro, produzindo uma visão clara.