Você sabia que o cientista Stephen Hawking usava sensores de movimento para escrever e falar?

Luana Rodrigues

Doenças degenerativas, contusões ou concussões no cérebro são algumas das situações que afetam o nosso corpo, prejudicando seu perfeito funcionamento. Alzheimer, uma pancada forte na cabeça, um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), por exemplo, podem causar a perda da nossa capacidade de expressar e falar.

Melhorar a qualidade de vida desses pacientes é um desafio para a Medicina e para os cientistas. Um dos caminhos que buscam solucionar os problemas de comunicação são os sensores de movimento. Foi o caso de um dos maiores cientistas do mundo, Stephen Hawking, falecido recentemente, em 14 de março de 2018.

Nascido em 8 de janeiro de 1942, na Inglaterra, exatamente 300 anos após a morte de Galileu, o cientista veio a óbito no dia de nascimento de Albert Einstein. Uma coincidência de grandes gênios da humanidade. Ao longo de sua carreira, Stephen abordou temas como a gravidade e a origem do Universo.

Stephen Hawking experimentando gravidade zero durante um voo sobre o Oceano Atlântico (Foto: Divulgação)



Diagnosticado aos 21 anos com ELA doença que afeta os neurônios responsáveis pelos movimentos do corpo e provoca a perda do controle muscular –, Stephen seguiu a sua carreira por décadas. Ele superou as expectativas médicas que estimavam uma média de sobrevivência, após os primeiros sintomas, de três anos e meio.

Em 1985, o físico passou por uma traqueotomia de emergência, em razão de uma pneumonia, o que acabou danificando as cordas vocais. Para facilitar a comunicação de Hawking, a Intel desenvolveu um software chamado ACAT (Assistive Context Aware Toolkit), que passou a interpretar seus poucos movimentos faciais.

Sensores instalados nos óculos de Stephen foram conectados a um computador e, a partir dos movimentos da bochecha direita, acionavam o sistema que continha termos prontos, como “sim”, “não”, e uma lista de palavras em ordem alfabética, além da função “soletrar”. As palavras escritas na tela ganhavam voz pelo próprio software.

Durante todo o processo de aperfeiçoamento do produto, Hawking contribuiu com observações de estilos de linguagem, o que permitiu que, após receber entre 15% e 20% dos caracteres, o próprio software formulasse as frases.

Os olhos também podem dizer muito sobre o que sentimos e o que estamos pensando. Em alguns casos, é possível avaliar o movimento ocular, transformando os olhos no único canal de comunicação.

Os eye-trackers são aliados de algumas empresas, como a Tobii, que permite que as pessoas escrevam mensagens e controlem funções do computador apenas com o olhar.


A ELA tornou-se mundialmente conhecida, em 2014, após o “Desafio do Balde de Gelo”, campanha realizada com o objetivo de arrecadar fundos para pesquisas sobre a doença. Isso reforça a importância de estudos que busquem melhora na qualidade de vida dessas pessoas.

“Vivi cinco décadas mais do que os médicos haviam predito. Tentei fazer bom uso do meu tempo. Porque todo dia pode ser o último, tenho o desejo de aproveitar o máximo cada minuto”, disse Stephen Hawking.