Saiba tudo o que os olhos podem revelar sobre você

Luana Rodrigues

Você já ouviu falar que os olhos são a janela da alma”?  Essa é uma frase atribuída a Leonardo da Vinci, o famoso autor do quadro renascentista Monalisa.

“Menina dos olhos” é outra expressão que, provavelmente, você ouviu ou a empregou em algum momento. Ela pode ser traduzida por uma maneira de classificar alguma coisa ou alguém, como muito especial, de muito valor.

Janela da alma” e “menina dos olhos”. Expressões que fazem ainda mais sentido quando conhecemos uma parte preciosa da anatomia do olho: a pupila. Trata-se daquela parte escura no centro dos olhos, que muda de tamanho de acordo com a quantidade de luz que incide sobre ela.

Assim como para a fotografia, a luz do ambiente é ponto crucial durante a captura de uma imagem pelos olhos. A frequência de luz recebida entra pela pupila e atravessa toda a estrutura dos olhos até a retina.

Fotografia e visão. Mecanismos de captura, foco e formação das imagens.

 

Assim como o diafragma regula a luz que entra pela câmera fotográfica, a pupila é a responsável por regular a quantidade de luz que entra pelos olhos.

Como a pupila revela o que estamos sentindo?

Através da Pupilometria ou da medição pupilar, é possível encontrar respostas de como os olhos reagem aos nossos sentimentos e sensações.

Por exemplo, quando você encontra a pessoa que ama ou por quem se sente atraído, as pupilas tendem a se dilatar. As reações da pupila também são diferentes quando você mente, sente medo, raiva ou vê algo de que desgosta.

Pupila dilatando

Através da dilatação ou da contração pupilar, o cérebro transmite algumas mensagens que retratam o que estamos pensando ou sentindo. As pupilas podem traduzir sentimentos como alegria ou tristeza, medo, dor ou até revelar condições psicológicas.

Prof. Dr. Claudio de Moura Castro no 5º. Congresso Brasileiro de Neurovisão na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

 

O professor aponta que é importante conhecer a trajetória da pupila. “O que ela vê, para onde olha e o que interessa para ela”. Ele diz não questionar o porquê, apenas registrar as preferências da pupila. Afinal, para onde a pupila gosta de olhar?

Como os olhos revelam o que mais nos atrai

O estudo “How Do We See Art: A Eye Tracker Study”, da National Center for Biotechnology Information, descreve como os olhos utilizam padrões de fixação em algumas obras de arte, através do rastreamento visual das pupilas.

A fixação dos participantes seguiu alguns princípios comuns, como a atração para determinadas regiões na imagem e padrões de contemplação. Esses padrões revelam se você tem interesse pelas obras de arte, quais são os detalhes que você mais gosta de olhar, qual lugar você prefere analisar.

Em outro estudo, utilizando o eye tracking, um grupo de pesquisadores do Departamento de Psicologia Experimental e Aplicada da Vrije Universiteit Amsterdam, na Holanda, buscou estudar o comportamento do movimento dos olhos de crianças e adultos, ao fitarem cinco pinturas no Museu Van Gogh, em Amsterdã. O objetivo era determinar o papel dos processos atencionais na experiência estética dos participantes.

Crédito: Imagens de pintura baixadas do site oficial do Van Gogh Museum, Amsterdã.

 

No estudo das pinturas de Van Gogh, os participantes experimentaram duas fases:

Fase 1 – Observaram as obras livremente;

Fase 2 – Receberam informações e visualizaram as obras novamente.

Resultado: o Eye Tracker permitiu captar diferenças entre as duas fases. Na fase 2, de posse das informações, além de observarem os quadros por um período maior, os participantes perceberam mais detalhes. O movimento ocular predominante sempre foi o de baixo para cima.

Por que as pupilas dilatam quando vamos ao cinema?

 

Resposta pupilo gráfica: na sala de cinema, as pupilas se dilatam para que nelas entre mais luz (estímulos luminosos, imagens).

Uma situação comum do controle das pupilas é quando você vai ao cinema. As salas são projetadas para ser bem escuras, e a tela não emite luz como uma TV, uma vez que as imagens do filme são projetadas sobre ela. Com isso, o ambiente tende a ficar bem mais escuro, o que acarreta a abertura maior da pupila, ou seja, mais estímulos neurosensoriais são levados ao cérebro.

Diferentes reações à exposição à luz ocorrem em razão do sistema nervoso autônomo. Ele é o responsável por controlar a pupila e outras atividades do funcionamento do corpo, como os batimentos cardíacos e a contração e o relaxamento do estômago.

Por que não podemos controlar a reação das pupilas

As pupilas são a parte visível do sistema nervoso, sendo que esse conta com dois componentes que atuam de maneira distinta. Um é o sistema nervoso simpático, e o outro, o parassimpático. Os dois garantem o funcionamento correto e harmônico do sistema como um todo.

A pupila e as outras partes do corpo recebem o comando dos dois sistemas em uma espécie de “piloto automático”. Ou seja, as reações são imediatas e incontroláveis.  

Respirar, acelerar ou diminuir os batimentos cardíacos são algumas das atividades das quais não temos consciência ao fazer.

E, assim, as pupilas também recebem esses comandos, de maneira automática. O que torna mais difícil que controlemos qual será a reação dos olhos diante de alguma situação.

Os olhos não mentem. Você não consegue controlar a pupila para que ela contraia ou dilate. Ela recebe o comando direto do sistema nervoso autônomo e a ele responde.

Acesse o infográfico que explica o funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo e as funções dos sistemas simpático e parassimpático.

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