Sensibilidade à luz:um alerta para distúrbios visuais

Luana Rodrigues

Você sai de casa para fazer um piquenique no parque com os amigos. Porém, bastam alguns minutos para que o incômodo apareça. A sensibilidade à luz do sol parece ficar cada vez mais forte e o que era para ser divertido, passa a ser muito desconfortável.

Mas o incômodo não acontece apenas sob a luz do sol. A iluminação artificial também incomoda muito. Seja pelo brilho do farol dos carros ou por aquela lâmpada de led sobre a mesa do escritório. Mas porque isso acontece?

Qual a causa dessa hipersensibilidade à luz, a fotofobia?

Alef César Pinto, tem 22 anos e é estudante de Medicina. Ao longo desses anos, ele sempre sentiu desconforto com a luz. O quadro de Alef se agravou quando, aos 17 anos, além da fotofobia, passou a conviver com dores de cabeça fortes e constantes.  

“Eu sempre tive dor de cabeça, mas como nenhum dos meus exames apresentava alguma anomalia, achava que era cansaço. Até que em uma viagem à praia, com minha família, percebemos que quando o sol refletia na areia – que era muito branca – eu sentia vertigem”, completa. 

Alef recorda que precisava cobrir os olhos para aliviar o desconforto. Por exemplo, na hora de dormir, ele colocava o braço em cima do rosto para bloquear a luz e, assim, poder descansar.

O jovem também enfrentou desafios durante o período do vestibular. Ao realizar provas, os efeitos da fotofobia eram severos. O pai, que sempre o acompanhava, levava uma bandana para que ele pudesse vendar os olhos após a realização dos testes, pois tamanho era o incômodo.

Alef César Pinto, hoje é estudante de Medicina. Durante a infância e o período do vestibular, enfrentou os efeitos da fotofobia em sua rotina

No caso de Alef, a fotofobia foi um sinal para o diagnóstico. “Quando eu precisava ler, eu lia a mesma página duas ou três vezes, para conseguir ter um raciocínio perfeito. Eu ficava inquieto e irritado, a folha branca me incomodava muito”, conta. 

Após avaliações com neurologistas, otorrinolaringologistas e vários outros profissionais, Alef continuava sem respostas e não entendia o que acontecia. Até que, em um evento na faculdade, com a participação do Dr. Ricardo Guimarães, médico oftalmologista do HOlhos, o estudante de Medicina comentou sobre o que sentia, e foi orientado a realizar os testes que o diagnosticaram como portador da Síndrome de Irlen (SI), também caracterizada como Estresse Visual.

Afinal, quais as causas da fotofobia?

A sensibilidade à luz, ou a fotofobia, geralmente é um dos sintomas de que algo não está indo bem no funcionamento do seu corpo. É comum que essa sensibilidade esteja associada a doenças que afetam diretamente os olhos ou a algum problema neurológico. 

É muito comum que pessoas que sofrem de enxaqueca também sejam sensíveis à luz. A enxaqueca é caracterizada  pelo sensação de latejamento de um dos lados da cabeça. Além disso, existe a necessidade extrema de ficar em locais escuros, em função da fotofobia.

A sensibilidade à luz ainda é um dos sintomas comuns aos portadores do Estresse Visual, que sentem uma variação de estímulos luminosos do ambiente de maneira muito mais intensa que as outras pessoas.

 

Como identificar a Síndrome de Irlen?

A SI é uma condição que dificulta o uso pleno da visão e é identificada por um conjunto de sintomas. Entre eles, a fotofobia – intolerância à luz – associada a uma dificuldade própria de adaptar-se ao ambiente claro e escuro. 

Entre os sintomas, também estão dores de cabeça frequentes, problemas na resolução visuoespacial, dificuldades na manutenção do foco, alterações na percepção de profundidade, astenopia e queixas típicas de letras se mexendo durante a leitura.

As crianças, são quem costumam apresentar maior impacto por esses distúrbios. Principalmente na fase de alfabetização, devido às dificuldades de concentração e de aprendizagem. É importante que profissionais que lidam com essas crianças e adolescentes compreendam a SI. 

A Fundação H.Olhos e o Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão (LAPAN) desenvolvem um trabalho de capacitação voltado para profissionais da saúde e educação. O curso DARV – Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão, tem duração de quatro dias e, em sua 35ª edição, já formou cerca de 6 mil profissionais de todos os estados do Brasil.

Os conhecimentos compartilhados no curso DARV permitem identificar, a partir da aplicação do Método Irlen, os distúrbios visuais causados pelo Estresse Visual. A 35ª edição do curso acontece no dia 19 de novembro